Foi preciso esperar por 1997 até alguém ter finalmente conseguido realizar um dos meus sonhos: fazer um jogo de naves que fosse gráficamente suficientemente parecido com a série de culto Babylon 5. Sim, o Wing Commander, o Elite, o X-Wing, o Tie Fighter e até mesmo o Starfox da SNES (Starwing na Europa) já tinham dado muitos passos correctos, mas era preciso usar muito a nossa imaginação. Finalmente, havia tecnologia suficiente para ser feito este grande épico dos videojogos, que está hoje caído no esquecimento.
A Psygnosis usou todo o seu engenho e o que tinha aprendido com mais de um ano de desenvolvimento na Playstation e desenhou um motor bastante ambicioso. Quase parecia Wipeout 2097 sem pista! Tudo se movimentava suavemente, por muitos lasers ou naves gigantescas que se passeavam no ecrã da TV. Um feito para a altura.
Tim Wright estava também de volta, mas desta vez, nada de CoLD SToRaGe. A banda sonora de Colony Wars é digna de uma space opera, música clássica e épica que serviam de complemento perfeito para a acção que decorria no ecrã. Ficou mais do que provada, portanto a versatilidade de Tim Wright em compor dos mais diversos estilos musicais, pois estavamos perante algo muito diferente dos seus temas musicais do Lemmings no Amiga ou a electrónica de WipeOut.
Para acabar em pleno, a história em si. Simplesmente divinal, na altura, o meu maior jogo, com 2 CDs (mas durou pouco esse reinado, pois logo a seguir comprei Final Fantasy VII com os seus 3 CDs) repletos de filmes em CGI narrados na 1ª pessoa pela nossa personagem (James Earl Jones, imaginem lá!), piloto da League of Free Worlds, grupo constituido pelas colónias que sofriam opressão do Earth Empire. Somos imediatamente atirados para a acção no nosso sistema solar de Gallonigher. A nossa prestação nestas primeiras missões vai decidir o rumo da história. Sim, nada era fixo, existiam várias ramificações na história, que eram decididas pelo nosso sucesso ou derrota nas missões, sendo eventulamente conluida a campanha da guerra colonial num de cinco diferentes fins. Isto ofereceu imenso valor de rejogabilidade, eu só larguei o jogo depois de ver absolutamente tudo.
Não vos chateio mais com as minhas palavras, carreguem no play e lembrem-se que isto era 1997, faz já uma década:
Ainda hoje, não fica nada mal comparado com as ofertas correntes. Ainda sinto alguns dilemas morais, pois um dos fins permitia-nos destruir todos os warps do sistema solar e deixar a Terra condenada à fome, miséria e guerra civil. É o costume, existe uma linha muito ténue entre opressor e oprimido, após uma reviravolta na balança de poder. Algo que imitava perfeitamente o conflito Narm/Centauri do Babylon 5, note-se.
Algo irónico também, é hoje termos a tecnologia para fazer realidade este tipo de jogo com gráficos completamente de sonho, e com a excepção do Project Silpheed para a 360 da Square-Enix, não pareve haver grande interesse por parte do mercado neste tipo de jogos. Nem mesmo as duas sequelas de Colony Wars na Playstation chegaram ao brilhantismo revolucionário do original. Foram preciso anos até este jogo ter sido batido, pelo veteranos da Anvil, com o seu brilhante Freelancer para PC. Mas isso, é post para outro dia...
Calma! Apelo à calma, senão mando a segurança evacuar o blog!
Cumpro hoje o que prometi, ou seja, enfiar o WipeOut no blog. Por isso e sendo segunda-feira, como deve estar tudo de trombas por mais um dia de trabalho / estudo, decidi alegrar um pouco a noite a certas e determinadas pessoas (assim de cabeça lembro Norritt, Roshi, Hernandez, Luxxx, Dredmingos, PacmanReis, Raziel, Factory81... devo estar a esquecer-me de alguém... bom, o Namorado é mais rodas... ai, esta minha cabeça).
Não se safam é da lição de história, claro. Pelo menos, é engraçada. A ideia para o jogo surgiu numa noitada em plena discoteca onde o pessoal da Psygnosis já estava mais feliz que o normal (leia-se: bebedolas) e começaram a falar de como seria espetacular fazerem um F-Zero em verdadeiro 3D, com música do mesmo estilo que se ouvia no momento na discoteca. Para apimentar a coisa, armas ao estilo de Super Mario Kart q.b.
Foi assim (acreditem ou não, eu acredito, foi contado em 1ª pessoa na Retrogamer de há uns meses atrás) que após curada a ressaca, se começaram a fundar os primeiros passo para a obra de arte que é o WipeOut da Playstation. E claro, passaporte para a Psygnosis ter sido comprada pela Sony, após verem o que eles estavam a fazer no seu hardware.
Dois factores extra que contribuiram imenso para o êxito do jogo foram The Designers Republic e CoLD SToRaGe. A arte do grupo Designers Republic é uma constante no WipeOut, é incrivel como por exemplo, o seus icons minimalistas facilmente nos dão logo a entender o que faz cada powerpup. Já o Tim Wright é uma referência do Amiga (Lemmings, Shadow of the Beast2 e 3), por isso reencontrál-o estes anos mais tarde sob o novo pseudónimo de CoLD SToRaGe, a fazer música electrónica foi um grande bónus. Fez há uns meses 40 anos, 20 deles dedicados à carreira musical. Foi graças a ele que para além da inspiração, aprendi muita coisa através de inúmeros programas (Music na PSX, eJays no PC) que trouxeram criação de música a pessoas sem qualquer treino na dita.
Parabéns se leram tudo até este parágrafo sem irem ver o logo o filme. Aprecio a vossa atenção.
Mantendo a tradição do "gelo e neve", aqui fico eu a dar três voltinhas a SilverStream, ao som emblemático de CoLD SToRaGe - Cold Confort, uma música usada e abusada no Templo dos Jogos.
Não liguem à minha prestação completamente digna de uma besta ao volante, estava numa de ver as vistas e bater nas curvas todas...
Portanto, se é permitido ao Johnny Rotten proclamar em alto e bom som (sabe-se lá se no total controlo das suas faculdades) "I am England!", eu findo berrando em alto e bom som, no total domínio das minhas capacidades mentais (psicóticas), em nome de todos os nomes referidos no ínicio deste post e todos os outros que andam por aí perdidos neste meu belo país à beira mar:
"WE ARE THE WIPEOUT GENERATION!"
E ninguém nos pode parar, pois o futuro é rápido, cheio de luzinhas e a única certeza é a quantidade de "beats per minute" da banda sonora das nossas vidas. Se ontem vos dei rock, hoje dou-vos electronica. I love my DR.